Uma simples atualização de sistema deixou o mundo todo às avessas. O apagão cibernético, o mais complexo da história tecnológica contemporânea, surgiu de um problema pequeno e inesperado, deixando pessoas, indústrias, empresas e organizações vulneráveis — inclusive as chamadas Big Techs. Desde que a tecnologia se popularizou e se tornou mais acessível, todo mundo tem ou terá problemas de cibersegurança.
Dados podem ser perdidos em definitivo, arquivos em processo de escrita podem ser corrompidos, sistemas podem sofrer danos quase irreparáveis e pessoas e empresas podem ficar ainda mais expostas a informações ou ataques hackers. Com a dominação das Big Techs, muitos softwares operacionais e investimentos em cloud se originam de um mesmo sistema. Quando ele colapsa, ocorre um efeito dominó.
São muitas as camadas — problemáticas e de soluções possíveis — que poderiam ser debatidas. O ponto principal a ser observado e tirado como lição deste último ocorrido que parou o mundo é a notável falta de preparação das organizações para a materialização dos riscos.
Ainda falta uma mentalidade direcionada à necessidade de continuidade dos negócios em um período de crise. Se um risco se materializa, como voltar? Como se proteger? O que fazer para que o negócio continue operando? É preciso estar bem-preparado para retornar rapidamente a um estágio de controle. Essa preparação exige performance, entendimento da exposição aos riscos e ter a prevenção sempre como o melhor remédio.
O que devemos esperar para os próximos anos, seja no Brasil ou no mundo, é um cuidado maior das empresas, governos e instituições, indo além do “ataque hacker” e com um olhar mais dedicado à cibersegurança em seus mínimos detalhes. Para que, de forma geral, todos estejam mais preparados para eventuais novos “apagões” (pois eles irão ocorrer, com certeza).
Nos próximos anos, veremos mais tomadas de decisões assertivas, com servidores totalmente dedicados e, talvez, até a consideração de investir e estruturar a própria nuvem. Apesar dos pesares, o apagão cibernético que escancarou tantos problemas serve, no fim das contas, para trazer um olhar mais apurado e detalhado da cibersegurança e de todos os riscos que devem ser considerados onde menos se espera.
*Artigo de Claudinei Elias, especialista em Governaça e Gestão de Riscos, CEO e Partner da Ambipar ESG.