Publicado originalmente na Revista RI.
À medida que avançamos no século 21, o futuro da governança está se tornando cada vez mais entrelaçado com riscos, integridade e a questão dos vieses. O ritmo acelerado do desenvolvimento tecnológico está transformando rapidamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos governamos. Para navegar com sucesso por essas mudanças, é essencial que sejamos proativos na identificação e abordagem dos desafios que temos pela frente.
Uma das questões mais prementes para o futuro da governança é a complexidade cada vez maior dos sistemas e instituições que sustentam as nossas sociedades. Ao se tornarem mais complexos, esses sistemas também se tornam mais vulneráveis a riscos como ataques cibernéticos, violações de dados e outras formas de interrupção digital. Para mitigar esses riscos, é necessário que os governos desenvolvam protocolos robustos de segurança cibernética e invistam em tecnologias de ponta capazes de ajudar a proteger infraestruturas críticas.
Ao mesmo tempo, garantir a integridade das nossas instituições e dos nossos processos políticos é uma realidade e necessidade contemporânea para manter a confiança pública nos sistemas de governança que sustentam nossas sociedades. Isso exige um foco renovado na transparência de informações, responsabilidade e liderança ética, bem como um compromisso com o combate à corrupção e outras formas de má conduta. Aquela velha história de buscar resultados a qualquer preço nunca deveria ter existido, e agora precisa ser eliminada e dar espaço a líderes que agem com ética e integridade na essência do que fazem. Os governos, por sua vez, precisam investir em medidas anticorrupção e outras formas de supervisão para garantir que os recursos públicos sejam usados da maneira mais eficaz e ética possível.
Outro grande desafio enfrentado pelo futuro da governança é o risco de preconceito e discriminação (vieses). À medida que nos tornamos cada vez mais dependentes de algoritmos e outras formas de inteligência artificial (IA), há um risco crescente de que esses sistemas reflitam e perpetuem os preconceitos existentes na sociedade. Isso pode ter sérias consequências para a justiça e imparcialidade de nossos sistemas de governança, bem como para os direitos e oportunidades de indivíduos e comunidades marginalizados ou sub-representados.
Para mitigar esses riscos, os governos e organizações devem ser proativos na identificação e abordagem de vieses em seus sistemas e processos. Há que se antecipar, regular e fiscalizar o desenvolvimento das tecnologias e suas aplicações, o que exige investir em talentos diversos e promover a inclusão na tomada de decisões, bem como desenvolver algoritmos e outras formas de IA projetadas para serem justas, transparentes e responsáveis, lembrando que esse tripé será tão bom quanto a programação de seus algoritmos, que é realizado por humanos, daí a necessidade de controle e supervisão. Também é importante envolver as comunidades e as partes interessadas na concepção e implementação de sistemas de governança para garantir que reflitam as necessidades e os valores das pessoas a quem servem.
O futuro da governança será moldado por uma rede complexa e interconectada de desafios, incluindo riscos, integridade e vieses. Para enfrentar esses desafios, o investimento em tecnologias de ponta, desenvolvimento de protocolos robustos de segurança cibernética e a promoção, como citado anteriormente, de transparência, responsabilidade e liderança ética, são cada vez mais cruciais. Também é importante abordar os vieses e promover a inclusão nos sistemas de governança para garantir que sejam justos, equitativos e reflitam as necessidades e os valores das comunidades que atendem. A partir dessas medidas, podemos construir sistemas de governança resilientes, responsivos e eficazes diante dos muitos desafios que temos pela frente.