Impressionante como em um curto espaço de tempo a humanidade experimentou catástrofes só registradas em livros de história: uma pandemia seguida de uma guerra potencialmente nuclear. A pandemia nos mostrou a força da globalização e o “lado B” da interdependência dos países. Há pouco tempo, todos nós imaginávamos que o fim deste período sombrio estava próximo, mas só que não. Emendamos a pandemia em uma guerra que escancarou ainda mais a interdependência dos países e a escalada da desigualdade social.
A guerra na Ucrânia trouxe reflexos negativos para a economia global, onde a indústria ainda sente os efeitos da desorganização da cadeia produtiva em função da covid e o impacto negativo das incertezas no processo de produção e nas decisões de consumo. Todo esse movimento geopolítico global trouxe mais impactos sobre a cadeia produtiva global e afetou a produção doméstica dos países, levando a uma explosão de custos de insumos produtivos básicos e aumento do risco de estagflação.
Se os países com mais maturidade econômica têm sentido o peso da inflação, o que sentem os países mais pobres? Embora o aumento da desigualdade social seja a soma de vários fatores, neste artigo, vamos explorar como os líderes e as organizações podem colocar suas operações a serviço de um propósito mais humanitário que, em essência, trata-se da sobrevivência do próprio negócio.
A complexidade da economia reflete diretamente na avaliação de riscos das empresas. Sempre foi assim, mas nunca houve riscos tão eminentes relacionados à sobrevivência do planeta e nem à integridade humana. Essa realidade democratiza a responsabilidade de forma automática para todos os seres humanos. Porém só aqueles que tiverem o poder econômico terão mais chance de mitigar os riscos. Por que isto não acontece?
Para começar, o senso de urgência para o tratamento da agenda climática parece não ser um consenso. O mesmo vale para as questões sociais. Parte disto vem das prioridades estabelecidas sobre antigos critérios; outra parte, da crença de que esta agenda pode ser tratada como “business as usual” ou do “jeitinho brasileiro”.
ESG tem algumas definições e, particularmente, eu acredito naquela que coloca a gestão sob o comando de uma liderança consciente para integrar as agendas climáticas e sociais na estratégia do negócio. Esta visão induz ao entendimento de que o negócio deve ser financeiramente sustentável na medida em que oferece soluções para problemas crônicos. Quanto mais ganhamos consciência de que as empresas podem assumir ambições maiores e atreladas aos objetivos da ONU, mais responsáveis nos tornamos. Essa é uma relação de confiança que se estabelece em um mundo completamente conectado.
Países, governos e empresas precisam rever suas matrizes de risco com o viés da interdependência global e incluir as oportunidades de atingir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Esta é a lógica atualizada. O novo normal, a partir de agora, é ter ambição 2030.