As mudanças climáticas têm, cada vez mais, causado grandes problemas em todo o mundo, tanto que, de acordo com um relatório da Aon Seguros, no último ano as perdas associadas a eventos climáticos extremos chegaram a 380 bilhões de dólares. Diante disso, diversas normas e regulamentações estão sendo aprovadas com cada vez mais frequência em países da Europa e no Brasil. Por isso, não é exagero dizer que a incorporação das mudanças climáticas à gestão de riscos corporativos não é apenas uma tendência, mas também o único caminho possível.
Um relatório da Stern Review, mostra que a perda esperada é de 5% ao ano, em relação ao PIB Global, como consequência desses eventos climáticos. Como comparativo, o crescimento do PIB mundial de 2022, em relação a 2021, foi de 3%.
Carla Leal, Doutora em finanças com foco em ESG e mudanças climáticas pelo Mackenzie e CRO da Ambipar ESG, destaca que esse valor não é igual em todas as regiões do mundo: “Enquanto para América Latina esse impacto é estimado em 3%, já o sul da Ásia tem uma estimativa de até 15%, e quando comparamos regiões da Europa, por exemplo, chegamos a uma Itália, que também pode ter um impacto no PIB dessa ordem, de 15%. Lembrando que esses números dependem muito do tipo de atividade econômica, das condições geográficas, dentre outros fatores”.
Porém, para o especialista em ESG e GRC (Governança, Riscos e Compliance), Claudinei Elias, CEO da Ambipar ESG, é importante a sociedade entender que é dever de todos tomarem atitudes para minimizar os efeitos das mudanças climáticas, inclusive das empresas.
“A gente vem observando que olhar a agenda de Gestão de Riscos Corporativos sobre a ótica das mudanças climáticas é necessário. O portfólio de riscos que as empresas têm hoje estão cada vez maiores, então, do ponto de vista de relevância para o negócio, os Riscos Climáticos não afetam apenas o meio ambiente, mas também a própria sustentabilidade do negócio”, explica o executivo. Isso porque essas questões climáticas podem afetar diretamente a empresa, seja pelas mudanças em si, como pelas questões regulamentares relacionadas ao tema, que estão crescendo rapidamente no mundo inteiro.
“A questão da obrigatoriedade, as várias exigências relacionadas aos investidores, aos consumidores e stakeholders vem impulsionando essa questão da Gestão de Riscos Climáticos, ou seja, para as empresas terem acesso a capital, ou até proteger a sua própria reputação, é fundamental começarem a terem ações relacionadas a essa temática”, continua Elias.
O especialista explica que, para que a Gestão de Riscos Climáticos seja mais efetiva é preciso incorporar a área de GRC: “Essa dinâmica já é muito conhecida na área de Gestão de Riscos, então é muito melhor que você as conecte, para que juntas e usando toda a base de dados já existente na companhia, possam fazer uma estruturação da agenda de riscos, olhando para a questão da identificação desses riscos e seus impactos. Também é importante categorizar os riscos físicos, por exemplo, como os eventos climáticos extremos, questões de transições, impacto das mudanças regulatórias, mudanças no mercado, dentre outros. Para, então, poderem pensar em como irão responder a estas questões, em quais planos de mitigação poderão ser realizados e sobre quais são os planos de adaptação, para minimizar esses impactos que já foram identificados”.
Carla também faz questão de reforçar a importância das companhias possuírem um Plano de Continuidade de Negócios. “Um PCN bem estruturado, combinado com o uso de ferramentas tecnológicas para monitoramento e resposta rápida, é essencial para garantir que sua empresa não apenas sobreviva, mas prospere em meio a crises. As empresas que se antecipam aos riscos são as que emergem mais fortes após desastres”, conclui a especialista.