Tenho certeza de que essa pergunta já passou pela sua mente nos últimos meses, até porque exemplos de grandes empresas com sérios problemas financeiros não faltam… Mas como uma marca com tantos anos de mercado, nome consolidado e público fidelizado chega ao ponto de falir?
Diversos fatores podem ter alguma influência em situações como essa, mas o principal, com certeza, é a falta de Governança e Gestão de Riscos. Ou seja, os problemas financeiros das empresas, que temos visto com tanta frequência, não só no Brasil como no mundo inteiro, têm muito a ver com o fato das companhias em questão não possuírem uma estrutura de governança mais robusta, e não conhecerem e mapearem os seus riscos, sejam eles críticos ou não.
Vale destacar, também, que nos últimos anos a disponibilidade de capital por meio de grandes fundos de investimento foi extremamente facilitada com o custo do dinheiro que estava mais baixo e, quando temos excesso de capital, a tendência é que o controle em relação aos diversos cenários que a companhia pode enfrentar, tanto positivos quanto negativos, seja menos rígido. Com isso, vemos que muitas empresas até iniciam um trabalho de Governança e Gestão de Riscos, mas se acomodam e acabam no famoso vôo de galinha: batem as asas, saem centímetros do chão, mas não vão muito longe.
E podemos dizer com toda certeza que não adianta uma ação pontual, não adianta só executar essas estratégias em função das demandas regulamentares ou porque um fundo disse que isso é importante. É preciso ter uma visão mais elaborada e sistêmica em relação a essas questões. Diria até mais: é preciso que elas estejam enraizadas na cultura da empresa!
Agora que a situação está menos favorável, observamos as consequências dessas grandes marcas não terem realmente investido em uma estrutura de Governança e Gestão de Riscos. Uma prova clara disso é que podemos ver companhias dos mesmos setores das que estão falindo performando muito bem e, quando fazemos um estudo mais aprofundado, percebemos que elas possuem essa estrutura mais completa e contínua.
Lógico que diversos fatores externos podem fazer com que sérias crises surjam, como questões climáticas, questões geopolíticas, questões cibernéticas, as mudanças de tecnologias relacionadas à empresa e, até mesmo, o uso de Inteligência Artificial. São muitas interferências, de fato. Mas precisamos ter em mente que, se há Governança e Gestão de Riscos, há previsão e prevenção desses riscos, o que tornaria o atual cenário menos trágico e muito mais promissor.
Dentre os pontos de atenção sob a ótica de riscos, devemos considerar:
- Conformidade Regulatória: Qualquer negócio precisa garantir que está em conformidade com todas as leis e regulamentos relevantes. A falha em fazer isso pode resultar em multas significativas e danos à reputação da empresa.
- Risco Financeiro: Isso inclui riscos relacionados a movimentos de mercado, como taxas de juros e taxas de câmbio, bem como risco de crédito e risco de liquidez. Se não forem gerenciados corretamente, podem levar à instabilidade financeira.
- Risco Operacional: Isso se refere aos riscos associados às operações diárias da empresa. Isso pode incluir coisas como fraude, falhas de sistema ou interrupções na cadeia de suprimentos.
- Risco Estratégico: São riscos que afetam a direção geral do negócio. Isso pode incluir coisas como competição, mudanças no comportamento do consumidor ou mudanças tecnológicas.
- Governança: A má governança pode levar a vários problemas, como falta de supervisão, falta de responsabilidade e comportamento antiético.
Destaco alguns riscos prioritários de alta relevância, que deveriam ser consideradas na visão estratégica das companhias:
- Riscos ESG: São riscos relacionados a questões ambientais, sociais e de governança. Riscos ambientais podem incluir coisas como mudanças climáticas e poluição, riscos sociais podem incluir coisas como práticas trabalhistas e direitos humanos, e riscos de governança podem incluir coisas como governança corporativa e ética nos negócios.
- Riscos Geopolíticos: São riscos que surgem de mudanças políticas ou instabilidade em diferentes países. Eles podem afetar coisas como comércio, investimento e acesso ao mercado.
- Riscos de Segurança da Informação: São riscos associados à proteção de dados e informações. Eles podem incluir coisas como ataques cibernéticos, violações de dados e uso indevido de dados pessoais.
Como podemos observar, são inúmeros tópicos de ameaças correntes. Estes, dentre outras questões, têm levado a um aumento significativo na demanda por serviços, métodos e tecnologias para atender as questões de Governança, Riscos, Compliance e ESG. Esta demanda será cada vez maior; atualmente, o crescimento anual em tecnologia para Governança chega a 14%.
É hora das organizações e empresas investirem de forma contínua. Afinal, hoje o mundo clama por performance com princípios, logo a governança é a força motriz para o alcance desses resultados.